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Como a inteligência de negócios e dados influencia na gestão de varejo

Foto do escritor: Vitor RodriguesVitor Rodrigues

gestão de varejo


A gestão de varejo vem passando por transformações significativas impulsionadas pelo avanço tecnológico e pelo aumento da concorrência. O comportamento do consumidor mudou, tornando-se mais exigente e digitalizado, o que demanda das empresas uma abordagem mais estratégica para manter sua competitividade. 


Nesse cenário, a inteligência de negócios (Business Intelligence - BI) e a análise de dados surgem como ferramentas essenciais para otimizar processos, reduzir custos e oferecer experiências mais personalizadas aos clientes. 


Investimentos em BI fazem parte da transformação digital do varejo e, de acordo com pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), essa transformação é prioridade para 93% das empresas do segmento no Brasil. 


O uso de dados no varejo não se trata apenas de acompanhar números de vendas ou estoques, mas sim de compreender padrões, prever tendências e embasar decisões estratégicas com informações precisas. Empresas que adotam uma gestão baseada em dados conseguem melhorar sua eficiência operacional, antecipar demandas e criar ofertas mais alinhadas às necessidades do consumidor.


Neste artigo, exploraremos como a inteligência de negócios e a análise de dados influenciam diretamente na gestão de varejo. Se você deseja tornar seu negócio mais eficiente e competitivo, continue a leitura e descubra como os dados podem ser a chave para o sucesso do seu negócio. 


O que é inteligência de negócios e sua relação com a gestão de varejo


A inteligência de negócios é um conjunto de tecnologias, processos e metodologias voltados para a coleta, análise e interpretação de dados com o objetivo de embasar decisões estratégicas. Com o uso de ferramentas de BI, as empresas podem transformar grandes volumes de dados brutos em insights acionáveis, possibilitando uma gestão mais eficiente e baseada em fatos concretos.


No varejo, onde a concorrência é acirrada e as mudanças no comportamento do consumidor são constantes, o uso do BI torna-se um diferencial competitivo, impulsionando empresas que desejam crescer e se destacar no mercado.


Os investimentos das empresas de varejo em dados e transformação digital (TD) aumentaram significativamente a partir de 2020. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 100% dos entrevistados da área concordam que a pandemia foi uma

grande alavanca para o aumento dos recursos destinados para o digital.


No ranking de prioridades de TD, os dados estão em quarto lugar, logo na sequência de ações com foco em experiência do consumidor. 



gestão de varejo gráfico sbvc
Fonte: SBVC

Principais benefícios da inteligência de negócios na gestão de varejo


A adoção de inteligência de negócios na gestão de varejo traz uma série de benefícios que impactam diretamente a eficiência operacional, a experiência do cliente e a rentabilidade do negócio. Na pesquisa da SBVC, os principais benefícios percebidos pelas empresas em relação aos investimentos em transformação digital são o aumento da receita (77%) e o aumento do engajamento do consumidor (77%).


Mas quando o assunto é análise estratégica de dados, as vantagens são ainda mais numerosas. Entre os principais benefícios do BI para transformar a gestão do setor podemos citar:


1. Melhoria na eficiência operacional

A inteligência de negócios permite uma visão completa e detalhada dos processos internos, ajudando os gestores a identificar gargalos e otimizar operações. Isso resulta em:

  • Gestão de estoque mais eficiente, reduzindo rupturas e excesso de produtos.

  • Automatização de processos, minimizando erros manuais e retrabalho.

  • Monitoramento de desempenho em tempo real, permitindo ajustes imediatos nas estratégias.


2. Personalização da experiência do cliente

A análise de dados permite que varejistas entendam melhor o comportamento e as preferências dos consumidores, criando uma jornada de compra mais personalizada e eficiente. Os benefícios incluem:

  • Recomendações personalizadas de produtos, aumentando a conversão e a fidelização.

  • Campanhas de marketing segmentadas, atingindo os clientes certos no momento ideal.

  • Atendimento aprimorado, com base no histórico e nas necessidades do consumidor.


3. Otimização do mix de produtos

Escolher quais produtos oferecer e em que quantidade é um desafio constante no varejo. O BI ajuda os gestores a identificar os itens com maior demanda e rentabilidade, permitindo:

  • Ajustar o mix de produtos com base no desempenho de vendas.

  • Entender padrões de consumo por região, época do ano ou perfil do cliente.

  • Reduzir investimentos em produtos de baixa saída e priorizar os mais lucrativos.


4. Previsão de tendências de mercado

A inteligência de negócios não se limita a analisar dados passados, mas também ajuda a prever tendências futuras e comportamentos do consumidor. Com isso, os varejistas podem:

  • Antecipar demandas sazonais, garantindo estoques preparados para datas comemorativas e períodos de alta demanda.

  • Identificar novas oportunidades de mercado, como tendências emergentes no consumo.

  • Ajustar estratégias antes da concorrência, conquistando vantagem competitiva.


5. Redução de desperdícios e custos

A análise inteligente de dados também contribui para um controle financeiro mais eficiente, evitando desperdícios e reduzindo custos operacionais. Os benefícios incluem:

  • Redução de estoques encalhados, minimizando perdas financeiras.

  • Melhor alocação de recursos, investindo no que realmente traz retorno.

  • Diminuição de gastos com campanhas ineficazes, otimizando o orçamento de marketing.


O papel dos dados na gestão de varejo e principais indicadores da área


Os dados desempenham um papel fundamental na previsibilidade e eficiência do varejo. Sem uma estratégia orientada por dados, empresas podem enfrentar desafios como:

  • Estoques desalinhados com a demanda do mercado.

  • Precificação ineficiente, impactando margens de lucro.

  • Perda de clientes devido à falta de personalização e atendimento adequado.

  • Dificuldade em prever tendências e antecipar mudanças no comportamento do consumidor.


Com o uso correto de dados, o varejo pode minimizar riscos, reduzir custos e maximizar lucros, garantindo um crescimento sustentável e escalável. Para que a análise de dados seja eficiente, é essencial entender quais informações são realmente valiosas para a tomada de decisão. 


A gestão de varejo requer o monitoramento contínuo de indicadores-chave de desempenho (KPIs). Entre os principais que todo gestor deve acompanhar estão:


1. Indicadores de Vendas

Monitorar o desempenho das vendas é essencial para avaliar a eficiência do negócio e ajustar estratégias conforme necessário.


  • Faturamento bruto: Receita total gerada pelo varejo em um período específico.

  • Ticket médio: Valor médio gasto por cliente em cada compra.

  • Taxa de conversão: Percentual de clientes que realizam uma compra após visitarem a loja (física ou online).

  • Crescimento de vendas: Comparação do desempenho de vendas em diferentes períodos.


2. Indicadores de Estoque e Logística

Uma gestão de estoque eficiente evita desperdícios, reduz custos e melhora a disponibilidade dos produtos.


  • Giro de estoque: Mede a frequência com que os produtos são vendidos e renovados.

  • Índice de ruptura de estoque: Indica a frequência com que produtos ficam indisponíveis.

  • Tempo médio de reposição: Mede o tempo necessário para repor um produto no estoque.

  • Custo de armazenamento: Total gasto com armazenamento, considerando aluguel, manuseio e perdas.


3. Indicadores de Clientes e Experiência de Compra

Compreender o comportamento e a satisfação dos clientes permite melhorar estratégias de fidelização.


  • Lifetime Value (LTV): Valor total que um cliente gera ao longo do relacionamento com a empresa.

  • Índice de recompra: Mede quantos clientes voltam a comprar na loja.

  • Net Promoter Score (NPS): Mede a satisfação do cliente e sua disposição em recomendar a loja.


4. Indicadores Financeiros

O controle financeiro é essencial para manter a saúde do varejo e garantir a rentabilidade do negócio.


  • Margem de lucro bruto: Indica o percentual de lucro sobre o faturamento total.

  • Margem de lucro líquida: Considera todos os custos operacionais e impostos para calcular o lucro real.

  • Ponto de equilíbrio (Break-even Point): O momento em que as receitas cobrem todas as despesas.

  • Índice de inadimplência: Mede o percentual de clientes que não realizaram pagamentos dentro do prazo.


5. Indicadores de Marketing e Aquisição de Clientes

Analisar o impacto das campanhas de marketing ajuda a otimizar o investimento e maximizar os resultados.


  • Custo de aquisição de cliente (CAC): Mede quanto custa adquirir um novo cliente.

  • Retorno sobre investimento (ROI): Avalia a eficácia das campanhas de marketing.

  • Taxa de abandono de carrinho (para e-commerce): Mede quantos clientes adicionaram produtos ao carrinho, mas não finalizaram a compra.


Como implementar inteligência de negócios na gestão de varejo


A adoção de inteligência de negócios no varejo pode transformar a gestão do negócio. No entanto, para garantir que essa transição seja eficiente, é fundamental seguir um processo estruturado, desde a identificação das necessidades até a capacitação da equipe e a escolha das ferramentas adequadas.


Antes de adotar qualquer tecnologia ou ferramenta de BI, o primeiro passo é entender as necessidades específicas da sua empresa. Isso pode variar de acordo com o porte da companhia, o modelo de negócio e os desafios enfrentados. Algumas perguntas que podem ajudar nesse processo são:

  • Quais são os maiores desafios na gestão do varejo atualmente? (ex.: estoques desorganizados, baixa previsibilidade de vendas, dificuldades em precificação, etc.)

  • Quais indicadores-chave precisam ser monitorados para melhorar a tomada de decisões?


Após responder a essas perguntas, defina objetivos claros para a implementação do BI, como:

✅ Reduzir rupturas de estoque nos próximos meses.

✅ Aumentar a taxa de conversão com campanhas baseadas em dados.

✅ Melhorar a previsão de vendas para reduzir desperdícios.


Com objetivos bem estabelecidos, fica mais fácil traçar um plano de ação. Os próximos passos serão (1) a identificação das fontes de dados, (2) engenharia de dados, (3) organização da infraestrutura necessária e (4) contratação de ferramentas para criação dos painéis e dashboards (como PowerBI). 


Para essas funções, da coleta de dados até a entrega de relatórios automatizados, é essencial contar com profissionais qualificados. Uma boa opção é contratar uma consultoria na área, assim você poupa o trabalho e o tempo de contratação e treinamento de engenheiros e analistas de dados, tendo acesso mais rapidamente ao know-how necessário para implantação do projeto. 


É importante também investir na capacitação do time. Quando todos os colaboradores entendem a importância dos dados na gestão do varejo, os benefícios são significativos e será possível desenvolver efetivamente na empresa uma cultura data-driven


Para isso:

✅ Realize treinamentos sobre o uso da ferramenta de BI escolhida.

✅ Estimule uma cultura de tomada de decisão baseada em dados entre gerentes e funcionários.

✅ Promova reuniões periódicas para análise dos relatórios de BI e ajustes de estratégia.


Case: a implantação da cultura data-driven na gestão de varejo da rede Santa Apolônia


A Santa Apolônia Hospitalar (SAH) é uma rede de lojas especializada na venda de itens do varejo para a área da saúde. A empresa foi fundada há mais de 50 anos e é referência no estado de Santa Catarina no seu segmento. 


Há mais de uma década a alta liderança da empresa usa dados na gestão das lojas e a cultura data-driven tem feito a diferença para manter e expandir o sucesso do negócio. No início da implantação da gestão orientada por dados, a organização e a análise dos números da rede eram feitas com planilhas de excel. 


Com o passar do tempo e o crescimento da rede, o volume de dados para análise cresceu de tal forma que as planilhas de excel começaram a apresentar limitações. A coleta e ordenação dos números feita de maneira manual estava tomando muito tempo da equipe e algumas planilhas demoravam também muito tempo para carregar em função da quantidade de linhas e colunas. 


Foi então que teve início o projeto de Business Intelligence na Santa Apolônia. 

Nosso atual CEO, na época colaborador da SAH, André Azevedo, começou o trabalho de automatização do BI. Os dados passaram a ser coletados e armazenados em um Data Warehouse, alimentando painéis no PowerBI. Assim, a cultura data-driven da SAH se consolidou. 


A área de dados da Santa Apolônia se expandiu, fui contratado pelo André para integrar o time e esse foi o projeto piloto para criação da equa Bl. A rede de lojas foi nossa primeira cliente e continua conosco até hoje. Quem começa a trabalhar na equal e passa pelo projeto da SAH tem a oportunidade de se desenvolver muito profissionalmente. 


Lições aprendidas com o projeto Santa Apolônia

No projeto da Santa, percebemos que, além de um sólido trabalho de engenharia de dados, da configuração adequada das ferramentas e do desenvolvimento dos painéis, é essencial manter o foco no negócio em si, alinhando todas as etapas às necessidades estratégicas da organização.


Aprendemos muito com o CEO da rede sobre o segmento, estratégias para impulsionar as vendas, como motivar os vendedores com estratégias de bonificação, e também como mensurar os KPIs certos. Isso faz toda a diferença para gestão do varejo baseada em dados. 


Quando ainda éramos colaboradores da SAH, desenvolvemos

 uma série de relatórios gerenciais que também trouxeram mais visibilidade sobre a performance do negócio e respondiam a várias análises e dúvidas que eles tinham. Era uma via de mão dupla de aprendizado entre nós e eles. 


Olhando para gestão de varejo, esse case nos trouxe aprendizados importantes:

  • Foco em motivação, não em punição. O BI se tornou uma ferramenta de incentivo, valorizando bons resultados em vez de penalizações. 

  • Cobrar da equipe somente aquilo que treinamos o time para fazer - os treinamentos também passaram a ser registrados e acompanhados no BI.

  • Feedback constante e encontros individuais entre gerentes e vendedores fortalecem a liderança e impulsionam o desenvolvimento do time. Também criamos ferramentas internas para registrar esse acompanhamento e utilizar o BI como aliado na gestão de pessoas.

  • Tomar sempre decisões baseadas em dados e duvidar muito de argumentos baseados em subjetividades.


Boas práticas aplicadas no projeto de BI da SAH

  • Ter dados confiáveis é mais importante do que ter um painel visualmente atraente. As pessoas questionam constantemente a origem das informações apresentadas, por isso o BI precisa ser confiável e consistente.


  • A gestão de uma loja envolve muitos números. Precisamos reunir os principais indicadores em um único lugar e sinalizar visualmente o que está bom e ruim. O gestor precisa ser capaz de, em cinco minutos, ver tudo sobre sua loja de forma resumida.


  • O BI deve ser feito pensando nas rotinas dos gestores. 


  • Reuniões frequentes com os nossos usuários para a co-criaçao dos dashboards. Entendemos que o usuário sabe mais sobre a gestão da sua empresa do que nós. Por isso, unimos o conhecimento técnico da equipe com o conhecimento gerencial do gestor para juntos criar os melhores relatórios.


Desafios da análise de dados na gestão de varejo e como superá-los


A implementação inteligência de negócios no varejo traz inúmeros benefícios, mas também pode apresentar desafios que precisam ser superados para garantir o sucesso da estratégia. Muitas empresas enfrentam barreiras como resistência à mudança, custos iniciais elevados e falta de expertise na análise de dados.


Muitos varejistas acreditam que implantar um projeto de BI exige investimentos altos em tecnologia e mão de obra qualificada. Pequenas e médias empresas, em especial, podem ter receio de arcar com custos de ferramentas, infraestrutura e consultoria.


Para superar essa questão, comece com projetos que priorizam áreas estratégicas. Focar inicialmente em setores críticos, como estoque e vendas, pode gerar retornos rápidos, justificando futuros investimentos em BI.


Outra dificuldade pode ser a integração de diferentes sistemas. No varejo, os dados podem estar espalhados em diversos sistemas, como ERP, CRM, planilhas manuais e plataformas de e-commerce. A falta de integração entre essas fontes pode dificultar a análise e gerar inconsistências nos relatórios.


Para resolver essa questão, conte com profissionais especialistas na área para analisar o cenário e indicar as ferramentas de BI compatíveis com os sistemas já utilizados pela sua empresa. Engenheiros de dados são formados para fazer a integração de diferentes fontes, tratar e organizar os dados de maneira automatizada, de modo que eles estejam disponíveis e acionáveis para as próximas etapas do projeto. 


Mas para que o BI realmente gere impacto, é necessário que toda a equipe, desde a liderança até os vendedores, passe a basear suas decisões em dados. Essa mudança de mentalidade pode levar tempo e é, em geral, uma das principais dificuldades das empresas que iniciam a jornada de transformação digital. 


Empresas podem incentivar a equipe a tomar decisões embasadas em dados, premiando aqueles que melhor aplicam a análise em suas áreas. O segredo está em começar pequeno, treinar a equipe, utilizar ferramentas acessíveis e demonstrar os benefícios na prática. 


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